01/06/2025 às 01:49 Escritos Psicanálise

Stuart e a marginalização do depressivo

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2min de leitura

Por Ariane Salomão |

Stuart é um dos personagens de The Big Bang Theory mais marginalizados pelo social que está inserido.

Ele clama, reclama. Tenta dizer aos amigos o quanto sofre, o quanto acredita que sua existência não é necessária. Contudo, o que fica evidente é a exclusão, o silenciamento e o apagamento de alguém que está em um processo de esvaziamento de si.

Porque ao redor, ninguém quer enxergar que a vida não é um belo morango e culpam quem está neste lugar de tirar suas vendas.

No decorrer, ele perde sua única razão em um incêndio sendo questionado o tempo todo sobre a veracidade daquele acontecimento, ficando à mostra sua invalidação, pois se foi um ato de má-fé, então a pessoa merece seu sofrimento.

Até que em um momento de auxílio, lhe é pedido que tome conta de Debbie, mãe de Howard, que no processo do ninho vazio, lhe dá afeto, lhe dá função, lhe dá motivo.

O processo da depressão é silencioso, é amargo e difícil. Quem o prova, clama por algo que não sabe o que é, porque quando olha pra si não enxerga de onde veio e porque está aqui.

Perde suas motivações e sofre terrível abatimento moral, desmoralizando a si, porque no reflexo não enxerga o que és. Mas o que és?

Se pergunta o tempo todo: minha vida é perfeita, não deveria estar triste… deveria? Ignorando fatos, processos e acreditando em falas do tipo que é só não ficar triste.

Ah, se fosse só tristeza, mas o que vemos é um decréscimo do sujeito, uma diminuição de si, porque é assim que se sente… pequeno.

Essa pessoa sofre exclusão de todos os tipos: social, política e de acesso às oportunidades básicas. Porque no setembro amarelo muitos se dizem disponíveis, mas poucos estão dispostos a escolher dar afeto, função e motivo, pois se de um lado há o esvaziamento, do outro há o medo de ser contagiado por uma “energia” baixa, então o que e quem sobra para os milhares de Stuarts que clamam pelo desconhecido?

No fim, há choros e perguntas sobre alguém que partiu há muito tempo, antes de notarem. Pois antes, o olhar para si os cegava, por que se você for embora o que sobrará pra mim? Na esperança de motivar desprezam que o outro já não enxerga que é necessário, mas que é um obstaculo para aqueles que ama.


Publicação realizada originalmente em meu Instagram no dia 30/07/2024


01 Jun 2025

Stuart e a marginalização do depressivo

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