Por Ariane Salomão |
Ao mesmo tempo em que a tecnologia avançou e possibilitou que pessoas tivessem seus diagnósticos e assim pudessem ter melhor qualidade de vida, também houve a patologização da vida.
A criança muito alegre agora é hiperativa.
A dificuldade natural em certa matéria se transformou em TDAH.
A pessoa que se ama e se prioriza é narcisista.
O introspectivo tem ansiedade social.
Poderia citar inúmeros outros comportamentos que se enquadraram em sintomas psiquiátricos, levando a pessoa a crer que sua personalidade não é normal.
Mas o que é normal?
A criança alegre pode ser só alegre, que tal direcionar essa energia pra algo interessante?
Se você não se dá bem em matemática, pode ter aulas extras e se empenhar no que é realmente bom.
Quem se ama pode ser um exemplo pra quem se odeia.
O introspectivo pode se aceitar ao invés de tentar ser extrovertido.
Entende que nem tudo é sintoma?
Nem tudo é medicável?
Não podemos colocar todas as pessoas em um CID. Diagnóstico depende de um conjunto de fatores, dados clínicos, hipóteses e exames que devem ser feitos por médicos qualificados.
Não é em uma mesa de bar que você o tem. Não é porque seu amigo tem TDAH que você também terá.
E não podemos excluir que diagnóstico também tem relação política e social onde existem meios que se beneficiam ao te colocar em um código.
Mas não estou aqui para demonizar, muito pelo contrário, confio na psiquiatria e me beneficio dela enquanto paciente. Porém, quero te provocar a pensar que comportamentos e personalidades existem e nem sempre poderão ser caladas por um comprimido, muitas vezes, meu caro, você terá que lidar com suas angústias de frente, porque elas não são químicas, são psíquicas e são suas.
Publicação realizada originalmente em meu Instagram no dia 20/08/2024