Por Ariane Salomão |
O luto, segundo Freud, é a reação a perda de uma pessoa amada ou de uma abstração que ocupa seu lugar (como a pátria, liberdade, ideal, sonhos, etc)
Quando se tem esse objeto, colocamos nele o investimento libidinal. A sua existência passa a fazer parte de nossos objetivos, de nossos sonhos, de nossa vida.
Mas, o que acontece quando a ruptura ocorre?
O trabalho realizado pelo luto mostra que o objeto amado não mais existe, e então exige que a libido seja retirada de suas conexões com esse objeto, gerando uma oposição, por que, afinal, quem gostaria de abandonar essa posição?
Essa conexão vai além de grandes planos, ela é sentida ao acordar no outro dia e perceber o silêncio que a ruptura causou.
É no abrir a porta e se deparar com a falta de uma risada, de uma fala, da presença.
É na realização de um sonho e perceber que aquela pessoa não está presente, porque sua existência não faz mais parte deste lugar.
Ao se deparar com essa falta, é natural encontrar dificuldades em seguir e encontrar outros objetos para investir. Com isso, o enlutado tende a resistir, a negar, a tentar barganhar com um possível retorno, a ficar com raiva da partida, a ficar depressivo e, enfim, superar.
E qual o tempo da superação?
Não há um tempo exato, mas não é saudável deixar que o luto se estenda por anos a fio, pois, quando ele não se fecha, pode ocasionar a melancolia fazendo com que a pessoa tenha um extraordinário rebaixamento da autoestima, fazendo com que ela “perca” a si mesma.
Publicação realizada originalmente em meu Instagram no dia 23/07/2024