Sou filha de três mães e de nenhuma delas.


A primeira me deu a dádiva da vida, mas me deu à outra.

A segunda me adotou, mas não sustentou.

A terceira me recebeu como um presente, mas não me escolheu.


Sou filha de um pai que não pôde ser, pois, embora eu o tivesse em meu coração, o meio não permitia que ele pudesse ser mais do que já era.


Sou parte de uma família que não me escolheu, mas me acolheu como pôde. Não sou de seu sangue, mas sou do seu verbo, da sua língua e do seu discurso.


Sou parte do meio em que cresci, e construí com tijolos tortos e tábuas rasas aquilo que me disseram, mas também sou a pergunta que sempre fiz, os porquês que sempre questionei e a respostas que não recebi.


Sou a história que contaram e fui o futuro que consagraram, até que questionei o presente e fiz falta no amanhã que desenharam.


Sou minha própria desconstrução e saber, mas também sou meu não saber. O que sei de mim além do que não sei?


Através de minhas palavras entendi que poderia ser apenas signos e significados do que colocaram em minha mesa ou exercer meu direito de trazer meus significantes à minha história.


Eu posso ser eu ou posso ser apenas o meu eu do outro.


Nesta travessia de elaboração aprendi quem eu era, o que gostava. Me apresentei a um reflexo, vi minha imagem sem tantas mágoas. Me abracei, aceitei e discursei em um divã sobre aquela que re-conheci.


Reconheci como filha.

Reconheci como mulher.

Reconheci como Ariane, o nome sorteado e destinado.

Reconheci como Jasmine, o nome escolhido e amado.

E me entendi como Salomão, o sobrenome que adotei daquela que me adotou.


Sou filha de três e de nenhuma delas. Sou quem construo e quem escrevo, mas também sou quem escolho.


Sou boa, sou má. Sou luz, sou sombras. Sou fala e silêncio. Sou meu encontro e desencontro, e neste saber aprendo e desaprendo, pois no ato de minha própria palavra elaboro o encontro com a minha presença.

Informações Técnicas

Publicitária de formação, Ariane Salomão construiu uma sólida trajetória de 16 anos na área da comunicação, com passagens marcantes como estrategista de conteúdo, especialista em marca e comportamento do consumidor.


Atuou em diversos setores do mercado e encerrou esse ciclo como professora universitária convidada — etapa que consolidou a transmissão de conhecimento como parte essencial de sua jornada profissional.


Pós-graduada em Influência Digital: Conteúdo e Estratégia pela PUCRS, Ariane sempre demonstrou interesse pelas narrativas humanas, seja na publicidade ou na escuta clínica.


Sócia-proprietária da DM Desenvolvimento Humano, ela transita hoje entre o universo da psicanálise e a comunicação. Formanda pela Escola Paulista de Psicanálise (EPC) e graduanda em Psicologia pela Anhanguera, também ampliou sua formação por meio de cursos no Instituto de Psicanálise Lacaniana (IPLA) e na ESPE (Ensino Superior em Psicologia e Educação), voltados à teoria e à prática clínica.


A transição para a clínica ocorreu como desdobramento de uma escuta pessoal e contínua. Após anos de análise e aprofundamento teórico, Ariane passou a atuar como psicanalista em atendimentos online, trazendo para sua prática clínica a escuta refinada, a ética e o rigor que a psicanálise exige — sem abrir mão da sensibilidade comunicadora que marcou sua trajetória anterior.

A DM Desenvolvimento Humano é uma produtora de conteúdo dedicada à criação, curadoria e difusão de conhecimentos nas áreas da psicanálise, filosofia e comunicação. Surgimos com o compromisso de desenvolver materiais que tratem essas disciplinas com a profundidade e seriedade que merecem.


Enquanto o mundo acelera e se entrega à superficialidade e à desinformação, a DM escolhe um caminho diferente: aqui, o conteúdo é concebido como um instrumento de escuta, reflexão e transformação. Cada vídeo, texto, aula ou projeto editorial é construído com atenção à linguagem, responsabilidade ética e respeito ao tempo necessário para a formação real.


Nosso propósito é ampliar o acesso ao saber sem abrir mão da densidade conceitual. Acreditamos que aprender vai além de simplesmente acumular informações: trata-se de provocar pensamento, alimentar o desejo de conhecer e sustentar experiências formativas que tocam e transformam.


Na DM, estudar é um exercício de escuta e presença. É abrir espaço para o que ainda não se sabe, para o que escapa ao controle, e permitir que a teoria ganhe corpo e sentido na prática. Por isso, cultivamos um ambiente ético e acolhedor, ideal para quem busca mais do que conhecimento — busca elaboração.